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Em um relacionamento sério (comigo mesma)

Em um relacionamento sério (comigo mesma)

01abr

Saudades de escrever aqui! Quem acompanha o blog do início sabe, que esse espaço é pra ser muito mais que cabelo e look do dia. Mas com o crescente desinteresse geral na blogosfera, acabei me deixando levar pelo momento e deixei de fazer o que eu mais gosto pelos motivos mais errados, que era simplesmente a audiência. Sendo que UM único leitor de um texto meu vale mais do que 100 leitores pra postagens de make. <3 E o texto de hoje é pesadinho viu, mas se tem um lugar que eu sei que posso me expôr, esse lugar é aqui, com vocês. Vamo que vamo!

Nós nunca estamos concluídos. Um adolescente pensando no primeiro piercing não está concluído. Um idoso centenário em seu leito de morte não está concluído. Estamos em constante evolução mesmo quando não há mais tempo pra evoluir, e isso é natural. E é aí que eu quero entrar: o tempo.

Faz pouco mais de um mês que eu terminei o que pode ser definido como meu relacionamento mais sério e real até hoje, e que durou, por vezes queridos e por vezes tortuosos, 7 anos. Sete anos é um período de uma vida. É o tempo suficiente de uma criança estar no ápice do seu aprender sobre o mundo e sobre como ele funciona. E semelhante a uma criança, foi exatamente isso que esse período nos trouxe; crescimento.

Não vou fazer mais um texto cheio de indiretas, cheio de mágoas, cheio de conversa rasa. Pelo contrário. A realidade é, eu era uma adolescente com cabeça de criança quando comecei a namorar o Hélio, e ele não era diferente. Entramos na fase adulta juntos, passamos a aprender como tudo funciona juntos, caímos e levantamos juntos. Foi como uma faculdade longa sobre como existir na sociedade, e como todo curso universitário, uma hora a gente se forma e a deixa. E todo o aprendizado? E a pessoa nova que você se torna sem nem perceber? Ela segue. Com o canudo na mão.

E continuamos evoluindo depois do fim, agora com mais gás e com uma visão de mundo totalmente diferente. Em todo esse período durante e depois do namoro, eu percebi uma metáfora que se encaixaria perfeitamente; se um relacionamento longo é uma faculdade, a fase solteira depois é uma pós-graduação. HAHA!

Nunca paramos de crescer, e pensa só, como isso é sensacional! Por vezes temos alguém pra segurar nossa mão no processo, e eu não vou dizer que isso é sempre bom. Porque alguns golpes de realidade teriam poupado nós dois de muita queda mais perto do final. Mas quem sabe? Talvez tenha sido exatamente como tinha de ser. Sem tirar nem pôr. Acho que nunca iremos saber.

Se existe uma forma “boa” de terminar um relacionamento, sem dúvida é a mais consciente possível. Consciente de que um cumpriu seu papel na vida e crescimento do outro, e que sem isso hoje seríamos pessoas completamente diferentes. Se hoje eu estou feliz comigo mesma, é sem dúvida por conta dos últimos sete anos.

Obviamente não foram tudo rosas. Afinal são SETE anos. A fase das rosas acaba no máximo nos 6 primeiros meses, dependendo do casal. HAHA! Mas se tivesse sido tudo tão bom o tempo todo, sem dúvida, não teria sido real, e não teria servido de nada no final. Deixa eu contar pra vocês, que a zona de conforto, é uma coisa perigosíssima pro nosso bem-estar mental. É um capirotinho que fica ali no cantinho do quarto te vigiando 24/7 se certificando de que você não vai fazer nada que o ameace. Resultando em muitas das minhas crises de ansiedade no dia-a-dia, claro. A zona de conforto, dã, é confortável sim. Tão confortável quanto se deitar num bote com um fone de ouvido e uma trilha sonora bem gostosinha, apreciando o céu azul no meio do rio.

Exceto que o bote tá furado. Mas você já sabe disso, assim como sabe também que lidar com isso vai te causar muito estresse, então é melhor ignorar.

Nós terminamos quando já estávamos com a água do rio pelo pescoço. Eu só estava me machucando, e ele estava se machucando por se importar em estar deixando eu me machucar. Porque várias vezes fomos a causa um do outro desses machucados perto do final. Toda a nossa dinâmica podia estar a merda que fosse, mas abandonar o barco parecia uma ideia absurda.

Quando na realidade, é a única forma de nadar até a margem. E você já tentou nadar de mãos dadas? É difícil pra burro. O mais certo era que os dois iriam morrer afogados. O que fazia mais sentido era soltar o outro. E foi o que fizemos. Nos separamos, juntos.

Óbvio que foi bem difícil. Sair da zona de conforto, sendo uma pessoa extremamente ansiosa e depressiva, chegou a me deixar doente. Nos primeiros 3 a 4 dias eu não saí da cama pra nada. Nem pra comer, nem pra tomar banho, eu nem lembro se usei muito o banheiro, porque não tinha nada no meu corpo pra ser expulso (ou assim eu pensava, mas mais sobre isso mais pra baixo). Eu sobrevivi basicamente a base de água de coco que a cuidadora da minha avózinha basicamente me obrigava a tomar. No quarto dia eu concordei em comer um pão francês com queijo e presunto que ela fez. Mas eu ainda não queria sair do meu quarto.

Nesse meio tempo sucumbi a muitos clássicos; conversas cheias de sentimento e mágoa e lágrimas e tudo que tinha direito, todos os dias, com ele e com a tia dele (que sempre foi meio que minha sogra) HAHAHA, crises de choro sozinha e por áudio com alguns amigos, uns antigos, uns mais recentes, mas todos extremamente presentes, mesmo de longe. Teve ainda, quando comecei a sair de casa, os episódios classiquíssimos dentro do carro ouvindo marília mendonça e chorando igual uma condenada (quase morri batendo o carro umas 6x HAHAHA rindo com respeito). Enfim. Eu to rindo agora, mas na época – que durou as primeiras duas semanas – foi bem intenso. Deixei muita gente preocupada demais, e dessa parte me arrependo, apesar de que foi realmente inevitável. Contudo, gosto de pensar nessa fase como sendo aquele primeiro momento de realização de que cheguei na margem sozinha, quando estava acostumada por anos a ter uma pessoa especial segurando minha mão. A solidão. O medo de estar sozinha.

Nós criamos uma dependência nada saudável um no outro. Houveram vários momentos em que não conseguíamos trabalhar, estudar, nada. Não sabíamos na época, mas tudo tava diretamente relacionado ao estado que nosso relacionamento estava. E é muito louco como a gente não percebeu nada.

O término foi num domingo de manhã. Não… Na verdade foi na sexta a noite. No sábado a noite rolou todo o medo e desespero, e acabamos voltando, decidimos “continuar tentando”. Prometemos fazer terapia de casal, conversar mais, rever onde cada um poderia ceder em todos os campos competentes. Tentar mesmo.

Mas daí, no domingo de manhã. Ah, o domingo de manhã… Nada como uma noite em claro pra colocar tudo em perspectiva, botar os pensamentos em ordem. O resultado, vocês já sabem. Essa próxima parte do texto é um pouco pesada, penso eu, mas peço que tenham paciência e estômago e não desistam de mim ainda.

Eu tentando organizar azidéia, aqui representadas por um pisca-pisca de fio de cobre emboladíssimo HAHA

Acabamos terminando pela segunda vez, e agora definitivamente, via whatsapp. Acho que pessoalmente teria sido difícil demais. Teria sido difícil da forma que fosse, na verdade. Não tem como abandonar um porto seguro ser fácil. Mesmo tendo plena consciência de que isso era necessário pra conseguir alcançar a próxima fase da minha vida adulta; ser o meu próprio porto seguro.

Logo depois da mensagem final, eu tive que enfrentar uma situação rotineira na minha casa, que é a de apaziguar brigas entre minha mãe e meu padastro. Normalmente, eu o fazia sem muitos problemas (fora o estresse emocional), mas dessa vez foi absurdamente diferente. Subi a escada, cheguei na porta aberta, olhei para os dois, abri a boca pra passar um sermão e… Travei. Não consegui respirar. E por fim, vomitei. Bem na entrada do quarto.

No outro dia, fiz minha primeira visita a uma psicóloga. Eu cheguei lá um caco. Um verdadeiro navio naufragado nas minhas próprias lágrimas. O olhar da psicóloga era tão triste e iluminado que servia quase como um espelho, o qual eu evitava olhar por medo do que poderia enxergar. A forma que ela me olhava enquanto eu desabafava sobre tudo que havia acontecido, era como um reflexo doloroso do que eu já sabia; que eu parecia um animal ferido na beira da estrada. Algo que normalmente eu sempre passei por cima de tudo e até de mim mesma pra conseguir salvar. Eu já estava acostumada a me negligenciar em prol de ajudar os outros. Mas e quando quem precisava da minha ajuda era eu mesma? Eu não sabia o que fazer. Eu estava sozinha pela primeira vez em anos, e tudo era extremamente assustador e sufocante.

Na manhã de domingo, eu não consegui ajudar meus pais a se entenderem como sempre fiz. Foi a primeira vez que fui fisicamente e mentalmente incapaz disso. Desci a escada com a ajuda da Iona e vomitei do topo dela também. Mas não saía nada minimamente palpável. Mais tarde, na psicóloga, vim entender que esses episódios foram respostas do meu organismo á dor psicológica massante que eu estava sentindo. Meu corpo precisava de qualquer forma expulsar aquela dor toda pra fora. Era uma dor psicológica que se manifestava como física. E essa foi a forma que ele encontrou. Nossa mente e nosso corpo são coisas muito loucas, não? Nunca deixo de me impressionar.

Eu me senti infinitamente mais leve depois da consulta com a psicóloga. Se tem uma coisa que vou recomendar pelo resto da vida, é essa. Vá a um psicólogo quando não estiver bem. Psicólogos e terapeutas são um tesouro nacional e nós não os merecemos. Eu voltei lá mais uma vez na mesma semana, mas depois não voltei mais por motivos de dinheiros, infelizmente. As duas vezes no entanto me fizeram avançar no processo de cura natural em uns 80%, mas sem pular nenhuma etapa, apenas comprimindo o sofrimento num tempo mais curto. Não sei como eu estaria hoje se não tivesse me rendido aos cuidados de uma profissional. Obrigada Dra. Juliana. <3 Ah, o Hélio também iniciou tratamento com uma terapeuta (que ele continua indo), e posso atestar que ele também nunca havia se entendido tanto como agora. E como nos compreender influencia em todos os campos da nossa vida. Como é importante!

Voltamos a nos falar mais normalmente aos poucos depois de algumas semanas. O que foi estranho, é que a parte física, os beijos, o carinho, etc; de nada disso eu sentia falta. Mas eu sentia muita falta de ter uma pessoa pra mim com quem pudesse contar pra tudo. Pra quem eu pudesse contar tudo. Eu não sentia falta do meu namorado. Sentia falta do meu melhor amigo, que coincidentemente ou não, era meu namorado. Fiquei um pouco aliviada quando percebi isso semanas depois. Senti que mesmo doendo naquele momento, eu ia conseguir seguir em frente dentro de algum tempo.

Acredito que já estamos em plena paz um com o outro, apesar de nos falarmos bem pouco. Ainda mais quando já acostumados a se falar e se ver todo santo dia durante sete anos. Deixar isso foi um baque danado. Mas a forma que eu saí dessa pancada depois, foi uma surpresa e tanto. Eu passei a prestar mais atenção em mim.

Eu passei a me dar mais atenção, a ouvir mais o que eu mesma tinha a dizer sobre como eu estava me sentindo e o que isso significava. É até difícil de explicar. Mas acho que essa é a melhor forma que encontrei. Eu passei a me entender melhor.

O que, acreditem ou não, resultou numa diminuição feroz de crises de ansiedade e de depressão. Resultou numa força de vontade incrível em ser melhor pra mim mesma, de me cuidar mais, de me preocupar mais em como EU me sentia mais bonita e vice-versa. Eu meio que descobri que sempre vivi num universo X, e agora eu era meu próprio universo. Mais de um mês depois eu sinto que já me basto. Que estou num relacionamento sério comigo mesma.

Meu relacionamento com o Hélio foi incrível. Foram sete anos de puro companheirismo e apoio de todo tipo, que acabou terminando por ter evoluído, naturalmente, de uma paixão adolescente… Pra uma amizade verdadeira. E tem forma de amor mais sincera do que essa?

Pra tristeza da nação (nossos amigos e familiares HAHAHA), não, nós não pretendemos voltar. Sentimos que cumprimos com maestria nossos papéis na vida um do outro. E que graças a isso, podemos “nos formar” nessa fase do início da vida adulta, e começar uma fase totalmente nova. Separados, sim. Mas pensando bem, separados sempre estivemos, só somos condicionados a viver em constante negação disso (falando da falácia da metade da laranja, quando deveríamos ser uma laranja completa por nós mesmos.). Como um amigo me disse uma vez, enquanto eu ainda estava deprimida: “Nós nascemos sozinhos. Nós morremos sozinhos.” podemos ter companhias maravilhosas ao longo da vida, mas no final do dia, precisamos estar bem estando sozinhos. Precisamos estar de bem com nós mesmos. Condicionar nossa felicidade pessoal á outra pessoa é extremamente injusto com ela, e desastroso pra nós mesmos.

E foi isso que eu aprendi com o meu término de namoro.

Agora me encontro feliz e plena comigo mesma como nunca me senti antes. É tudo muito estranho, muito novo, e muito excitante. Toda vez que faço algo sozinha, que normalmente dependeria de outra pessoa (até mesmo ir no banco, morria de medo de ir sozinha aaaaa), por mais simples que seja a tarefa… É muito bizarro! Eu fico me sentindo a mulher maravilha só por dirigir pra casa sozinha a noite, com as minhas músicas nas alturas, e fazendo ‘golfinho’ com a mão pra fora da janela. HAHAHA!

Moral da história

Os conselhos da noite ficarão sendo:

  1. Visite um psicólogo quando estiver se sentindo mal.
  2. Preste mais atenção ao que seu corpo tenta te dizer diariamente.
  3. Saia pra dar uma volta de carro de madrugada só com você mesmo e suas músicas favoritas.
  4. Desconstrua a ideia de que você não pode ser feliz sozinho.

Obrigada a todo mundo que leu até aqui. Quero aproveitar pra anunciar que o divã da mini-suu está de volta pra quem quiser conversar.

Prometo não decepcionar.

Eu amo vocês! <3

Beijos!

PS: Todas as fotos maravilhosas do post são obras de arte da Caroline Lins! <3

Suelen Cosli

Amigos que se odeiam (e você no meio)

04maio

Pessoas são diferentes. Se não fossem, o mundo seria chato demais, não é? Pois. Mas como tudo tem dois lados, ás vezes essas diferenças acabam resultando na inevitável incompatibilidade de dois serezinhos. E apesar de desanimador, não tem nada de errado com isso, vida que segue.
Na verdade, tem uma coisa de errado na situação sim, e é quando esses dois tem um grande amigo em comum no meio; você.

Eu já passei por essa situação um total de três vezes na vida. Em outras vezes eu estive em um dos lados e quem sofreu no início foi meu amigo no meio, porque eu tava tranquila, sério. Mas nem sempre os dois lados tem todo esse senso de maturidade (SE ACHA SUELE), daí é que estará aberta a temporada de tretas!

Vamos analisar a situação com esse trio fictício:

Geovana, Marcela, e Julinha são bem amigas. Fazem quase de tudo juntas; saídas, fazem festas do pijama, dividem segredos. Até que, num belo dia, algo acontece (daí tem toda uma gama de possíveis problemas; todo mundo é diferente como já falei então não tem como julgar) e Geovana e Julinha brigam. E nem foi briga verbal, foi só um disse-me-disse vindo de lados externos ao grupo, que talvez tenha sido um equívoco e chegou errado no ouvido de uma ou de outra, ou talvez tenha sido alguma coisa bem ruim mesmo.

Seja o que for, aconteceu, e foi ruim. Ruim o bastante pra Geovana nunca mais olhar na cara de Julinha. Julinha bloqueou Geovana no face. Geovana deu unfollow no instagram de Julinha.

E cadê Marcela no meio disso tudo?

Lá mesmo, no meio.

Geovana e Julinha estão bravas uma com a outra, mas não com Marcela. Até porque Marcela não teve ligação alguma com a treta, então não tem por quê ficarem bravas com ela. Pelo menos não ainda.

Ainda não porque, ainda chegaria o dia em que Marcela diria pra Julinha “hoje não posso sair, tenho que ajudar minha mãe com o computador novo dela” quando, na verdade, Marcela estaria indo dormir na casa de Geovana. Geovana essa, amiga do peito, mas que ficou com uma pulga atrás da orelha no fim de semana seguinte, quando convidou Marcela pra almoçar em sua casa, e a mesma disse que não poderia ir pois sua mãe faria um belo peixe assado especialmente pra ela no mesmo dia, e não podia desguiar uma mãe tão atenciosa, não é mesmo?

Marcela você odeia peixe” Talvez ela tenha esquecido num lapso que Geovana a conhece tão bem pra constatar algo tão bobo. “Mas minha mãe adora! E ela quer passar mais tempo comigo e tal, a vida ta corrida, você sabe” Geovana assentiu, compreensiva. Mas a pulguinha? Mordeu um pouco mais forte.

E Marcela não comeu peixe assado no sábado, afinal. Ela almoçou lasanha bolonhesa. Receita mais que especial da mãe de Julinha.

Na quinta-feira, Julinha convidou Marcela para irem ao cinema na mesma noite ver o novo Batman vs Superman, franquia que o trio ama. Marcela com a voz triste disse que não poderia ir, pois tinha que ser babá para a prima que precisava ir a um congresso e não podia deixar a pequena sozinha em casa. Convenientemente a mesma desculpa que deu á Geovana no dia anterior, que já havia a convidado para o mesmo programa.

Marcela estava muito mal. Na verdade ela estava já adquirindo uma cor roxa nas têmporas devido o estresse, pois teve de inventar muitas mentiras nas últimas semanas, coisa que não estava acostumada e lhe consumia de culpa. E dessa vez, foi preciso que fosse assim, desguiar as duas da verdade. Ela simplesmente não podia suportar a ideia de ir com uma das amigas ao cinema; era um programa que as três tinham em mente desde o primeiro trailer solto no facebook. E de repente, por causa de uma briga, esse programa não podia existir mais. Não sem as três juntas. E enquanto isso, Geovana e Julinha se encontravam enfornadas em suas casas, tristes também por não terem a companhia que queriam para ver o superman levando um pau de um playboy milionário e a mulher maravilha aparecendo pra roubar o filme.

Moral da história: A culpa que Marcela sentia, não só lhe custou as têmporas rosadas, mas também a chance de ver Batman vs. Superman na pré-estréia. Agora ela teria de lidar com todos os spoilers pelo resto da semana. Que droga, viu?

Mas e agora, o que Marcela fez de errado aqui? Porque teoricamente, ela não fez nada pra merecer essa vida dupla. Ela não se envolveu em nenhuma briga, manteve a paz o máximo que conseguiu, fez de tudo pra não magoar nenhuma das duas queridas amigas. Então por quê?

Porque Marcela preferiu enxugar gelo.

Vamos ver o que poderia ter sido feito pra que nenhum dos lados, e nem quem está no meio, tenha passado por perrengues ou magoado outrem;

Primeiro: diálogo, Julinha
Ok, elas brigaram. Seja qual foi o motivo, aconteceu a desavença que causou a amizade a azedar e se desfazer. Acontece! Mas desde o início, Marcela como boa amiga sobrevivente do conflito, deve conversar com as duas partes. Deve deixar claro que, apesar do acontecido, ela não quer escolher lados; ela continua amando as duas da mesma forma e não vai deixar que a situação delas acabe prejudicando a amizade que resta. Em troca, Marcela vai ter respeito pelas duas, não vai conversar ou fofocar a respeito da Julinha com a Geovana e nem vice-versa. Vai deixar bem claro desde o início, que se Julinha falar algo ruim de Geovana pra Marcela, Marcela vai jogar o “para-pa-para-parô por aí” e se negar a falar coisas ruins de uma amiga. A mesma técnica vai ser aplicada com Geovana a respeito de Julinha.

Segundo: não força, Marcela
Tentar juntar as duas amigas que brigaram por vezes pode até dar certo, mas dependendo da situação, pode também não ser uma boa ideia; ainda mais quando a principal razão disso é algo tão superficial, como por exemplo, Marcela não querer ter um grupo desfalcado. Temos que respeitar nossos amigos e se no momento, algum deles não quer ter que lidar com alguém que o magoou, você não pode forçar isso pelo bem da dinâmica do grupo.

Teceiro: eita, Geovana!
Talvez o erro mais grave de Marcela na situação acima, foi ter sido falsa com ambas as amigas, pelo “bem maior”. Não existe isso, miga. Mentir numa situação como essa é assinar o atestado de futura ex-amiga, porque vida dupla nunca foi solução de nada. Se num belo dia Marcela for no cinema com Julinha, e o primo do tio do pai de Geovana a reconhece, e conta casualmente durante o almoço de família como viu Marcela e Julinha indo ver aquele novo filme do Johnny Depp no mesmo shopping que ele estava… Um programa inocente… Ou até seria, mas Geovana vai ficar cabreira e se sentir traída, talvez até fazer um escândalo e fazer um textão no facebook jogando indiretas-meio-diretas para Marcela de como ela é falsa… E tudo que Marcela queria era somente manter a paz… Sabe de nada, Marcela.

Quarto: organiza, mas organiza na sinceridade
Foi estabelecido no primeiro passo que honestidade é a parte mais importante numa situação de amigas que se odeiam. Foi estabelecido também, que Marcela como boa amiga, não iria se desfazer de nenhuma das duas amigas, e muito menos trair a confiança da outra. Com isso, é preciso pôr em prática; Julinha convidou Marcela pra acampar no fim de semana. Geovana a convidou pra ir ao boliche. Marcela cordialmente diz que não irá poder, pois já havia combinado de ir acampar com Julinha. Quem sabe no fim de semana que vem?

Quinto: nem sempre dá certo. Todo mundo é diferente.
É preciso aceitar que nem todo mundo vai conseguir ter esse nível de maturidade. De aceitar que a amiga está com alguém que você odeia e costumava confiar. E se estiverem falando mal de você? E se Marcela gosta mais de Geovana que de Julinha? Tudo pode ser combustível pra discórdia se não existe confiança na amizade. E se for o caso, ás vezes é mais fácil deixar rolar e ver qual lado cai primeiro. Sim, eu sei que é chato.
Marcela saiu com Geovana. Foram fazer fotos do novo cachorrinho de Marcela no parque. Julinha fica com raiva e manda indiretas no facebook sobre “amizades que não são mais as mesmas” ou mesmo “queria ter uma câmera profissional. Soube que uma nikon pode preservar amizades. :)” Vish!

Sexto: um dia de cada vez
Se um dos lados de fato ruiu, paciência. Marcela fez sua parte. Não foi falsa, se manteve fora da treta e fez o que pôde para manter a paz. Mas Geovana decide que não consegue confiar em Marcela o suficiente pra ter certeza que ela não contou para Julinha que ela havia brigado com o namorado na noite passada. Julinha passa a convidar Marcela cada vez menos para saírem juntas, e quando Marcela chama, Julinha normalmente está ocupada. Não confia mais segredos a Marcela. E o distanciamento silencioso acontece.
Vida que segue.

Conclusão; Não podemos ter controle sobre nossos amigos (o nome disso é the sims), e haverão vezes na vida em que um grupo tão bom, tão divertido e dinâmico, pelo motivo que seja – vai se romper. Mas você não é obrigado a escolher lados. Apenas esteja lá para todos os seus amigos em questão, com honestidade do início ao fim, e muito diálogo.

Vai ser difícil, mas por muitas vezes, acaba dando certo.

E quando não der?

As lembranças legais vão perdurar e novas amizades vão vir. Sempre vêm.
Porque pra nossa sorte, encontrar novos amigos que tem tudo a ver com você é bem mais fácil do que achar sua alma gêmea, por exemplo. (e convenhamos, prioridades!)

Marcela voltou a falar com Geovana depois de algum tempo. A amizade não é mais a mesma, mas existe uma fagulha de expectativa de que um dia, volte. Não tem pressa. Outro dia elas até foram lanchar juntas! Com um grupo de amigos, claro.

Julinha está num intercâmbio e depois de alguns meses tendo os melhores momentos da sua vida de estudante, desbloqueou Geovana no facebook. Elas continuam não se falando.

Mas outro dia eu vi que Geovana curtiu uma foto de Julinha em que ela estava construindo seu primeiro boneco de neve. E mais ainda, ela até deixou um comentário.

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Suelen Cosli