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Em um relacionamento sério (comigo mesma)

Você sabe o que é “ter um pé atrás” com alguém?

11set
É a melhor coisa que você vai fazer por si mesmo.
 
Mas antes de começar a abordar essa técnica, vamos atentar pro fato de que ter um pé atrás não tem NADA a ver com enganar ou ser falso com alguém. Isso já é uma falha de caráter gravíssima a qual já testemunhei em níveis de sociopatia, e sei que você também. É triste, te faz sentir no meio de uma novela mexicana e você não sabe se ri ou se chora. Mas acontece. Inclusive, ter essa cautela é pra evitar que você se encontre no meio de um dramalhão.
Ter um pé atrás é simplesmente… Não se entregar completamente. É cautela. Mas jamais enganar. Mais que isso, ter um pé atrás é uma forma de assegurar que você chegue (ou não) á uma amizade sincera sem se machucar no processo.
 
Dá pra ter um pé atrás com alguém e ainda assim gostar pra caramba dela, confiar nela (até um certo ponto de intimidade), de fato se importar com ela e com o bem estar dela. Mas da SUA parte, não se entregar completamente. Não compartilhar TUDO da sua vida com ela, especialmente expectativas. Afinal, ela pode até ser uma pessoa bacana e digna de confiança, mas a essa altura você não pode ter certeza, e é aí que mora o perigo quando você confia nos outros rápido demais pro seu bem. Pra saber, só com MUITO TEMPO e paciência. E até lá, pézinho lá atrás pra não se decepcionar e acabar deixando de dar a mesma chance pra outras pessoas que de fato fariam bem pra você, mas que você nunca vai saber. Porque o “amigo” anterior te decepcionou em um nível que te deixou “crisado” e te fez erguer um muro pra se proteger. Parece familiar?
 
É chato ter um pé atrás com uma porcentagem ALTA de todo mundo que você conhece, em algum grau?
 
É.
 
Mas ser alice (ser otária/ingênua, pra quem não é familiarizado com o termo rs) e se ferrar a vida toda por confiar 100% em quem devia (amizades concretas) e quem não devia (quem hoje é só uma memória ruim), faz isso com a gente. Eu especialmente confio MUITO FÁCIL nas pessoas. Eu realmente me encanto muito fácil, quem me conhece já percebeu isso. E sim, isso é uma merda. E isso já me ferrou inúmeras vezes, especialmente e quase que unicamente com amizades (antes que vocês pensem no lado romântico da coisa, que óbvio também rolou, mas em uma porcentagem quase 0%).
 
Eu sempre fui carente de amigos. Crescendo tive poucos. O clássico bullying da escola, né? “Olha só a dentuçona. Nossa com quem vocês tão falando? Não tem ninguém aí! (diz o serumaninho de 12 anos enquanto abana a mão na minha frente como se eu não existisse, pelo fato de ser “muito branca” e por isso implicar que eu sou o quê? Um fantasma. Aaaah crianças…) cê sabe que você não é bonita né?
 
Aaaaah infância. Bandida, como a de trocentos outras pessoas que eu conheço e que você também conhece. Quem diz que até quem fazia bullying na escola não sofreu com ele em algum ponto também? Ninguém. Mas suficiente disso.
 

Quem já teve algum trauma social na infância que deixou cicatrizes emocionais na adolescência e fase adulta?
 
Depois que desenvolvi meu lado sagitariano de ser (que é uns 85% da minha personalidade na real, só que durante a infância só mostrada em casa e com a prima-melhor amiga, nunca na escola) foi que o negócio melhorou real. E justamente pela infância solitária que eu passei a dar muito valor á amizade, a ter pessoas com quem eu possa contar e que podem contar comigo. Eu AMO ajudar um amigo que precisa de algo. Me sinto útil, sinto que minha amizade ta fazendo tão bem pra ela quanto a dela faz pra mim, sabe?!
 
Talvez nesse ponto justamente que me fez ser o tapete que por muitos anos fui, com inúmeras pessoas. Que ás vezes eu ainda sou. Algumas várias vezes até. Tenho me policiado quanto a isso, porque sim, é bem dificinho.
 
Por isso é tão importante eu estar escrevendo isso aqui hoje. Porque foi algo que eu percebi sozinha e na base da porrada emocional com o tempo (ao longo de 20 anos, né pouca coisa não hein?), mas quem sabe escrevendo pra você, meu caro e possivelmente ingênuo floquinho, você se toque mais cedo com uma luzínea desse texto. Eu mesma só percebi com a ajuda de uma espécie de senso de auto-preservação psicológica desenvolvida ao longo dos anos, com o solene objetivo de ser capaz de continuar vivendo em sociedade; isso sem virar a famosa figura caricata do velho/a que grita com quem estaciona na frente da casa dele e odeia crianças.
 
Porque quem vive muitas experiências ruins com qualquer objeto (amizades, animais, um gênero específico, etcccc) eventualmente tem duas opções pra continuar seu cotidiano de forma sã e sem perder o foco dos estudos ou trabalho. Ou você se fecha por trás de um muro de desconfiança… Ou você só puxa uma cerquinha. Uma cerca baixa, vazada, de onde você pode continuar convivendo, conhecendo, interagindo… Com a proteção da cerca.
 
Pode ser até aquelas branquinhas arredondadas com florzíneas decorando. Desde que seja uma cerquinha que te proteja da forma que você precisa, sem se isolar. Essa cerquinha é o seu pé atrás. Não é nada assustador.
 
Eu percebi que é importante manter um pé atrás com quem a gente conhece e ás vezes até com quem já conhecemos há muito tempo. Anos, até. A gente passa a ter um pé atrás com muita gente, justamente pra preservar o contato com essas mesmas pessoas. Pessoas que com o tempo, foram se distanciando, mesmo que um dia vocês tivessem sido super próximos… Mas que hoje sentem como se fossem mais como colegas do que de fato os amigos que eram antes. As pessoas mudam, ás vezes pro melhor, ás vezes pro pior, e isso é totalmente fora do nosso controle como espectadores. Nos resta ficar com o pézinho atrás até ter certeza de pra qual lado aquela pessoa foi.
 
Quando algumas destas pessoas, antigas ou não, se provarem como não sendo nem mesmo dignas desse pézinho, aí sim temos o famoso block e sai daqui que coisa boa você não traz.
 
E querem saber?
 
Não tem problema nenhum se preservar
 
Eu posso dizer que desde que comecei a fazer isso, tive uma melhora significativa na minha ansiedade e senso de paranóia, cultivei amizades bem mais saudáveis, (poucas, mas estão aqui) e que só com o tempo se tornaram o que são hoje. Outras permanecem onde estão porque ainda não “senti”, sabe?
 
E estamos de boa. De verdade!
 
Provavelmente elas também têm o pé atrás comigo, muitas vezes o lance é sim, mútuo. E por que isso seria algo ruim?
 
Essa pessoa só ta cuidando dela mesma. E ela tá certíssima. Cuide de si mesmo você também, porque ninguém mais vai cuidar. E quando aquelas pessoas bacanas vierem e se provarem exatamente o que tentam mostrar que são… Aí você pode abrir o ferrolho da portinha da sua cerca sem problemas.
 
Quem sabe até oferecer uma xícara de café.
#sepreserva
Suelen Cosli

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  • Ana Reis outubro 15, 2019

    Muito bom, mesmo…

  • Elisa Alecrin abril 29, 2017

    Nossa, como eu já quebrei a cara! Infelizmente eu tenho a tendência de confiar fácil nas pessoas, o que, depois de tanta pancada, gerou um afastamento bizarro. Eu consigo ser simpática, mas não consigo me envolver muito com as pessoas. Rola uma baita duma ressalva, medo, ranço, não sei. Fico no meio de várias pessoas observando e, na maioria das vezes, incapaz de interagir. Só presto atenção nas conversas e fico quieta. Hoje acho que sou bem menos paciente pra interações sociais. Tenho preguiça de todo o processo de descoberta que muitas vezes acaba em decepção mesmo. Aí eu prefiro a velha amiga (e hoje confortável) solidão.

  • Michelli Buzogany setembro 15, 2016

    Acho que minha ansiedade ajuda nisso, sempre acho que todo mundo fala comigo, me chama pras coisas porque tem dó, porque tem interesse, ou sei lá. Nunca acho que alguém realmente gosta de estar por perto. Ok, isso é caso de terapia, mas por isso acabo mantendo pé atrás com todos ao meu redor. Isso é bom e ruim =/

    Bem, como você disse, muitas coisas a gente aprende na vida e nos tombos.

  • Allana Império setembro 12, 2016

    Aí que mora meu problema, posso até estar com aquele pé atrás. Mas em algum momento desando e me entrego, me abro, mostro mais do que deveria, sou mais do que deveria ser, e aí, o estrago já esta feito. Te entendo completamente, mas para mim, a parte mais difícil é colocar tudo em prática, porque no fundo acho que gosto mais do risco do que não me entregar e viver meias experiências.
    Beijos!
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